19 de set. de 2011

Metade

"Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio. Que a morte de tudo em que acredito não me tape os ouvidos e a boca. Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio. Que a música que ouço ao longe seja linda ainda que tristeza. Que o homem que eu amo seja pra sempre amado, mesmo que distante. Porque metade de mim é partida, mas a outra metade é saudade.Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor, apenas respeitadas, como a única coisa que resta a uma mulher inundada de sentimentos. Porque metade de mim é o que ouço, mas a outra metade é o que calo. Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço. Que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada. Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesma se torne ao menos suportável. Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que eu me lembro ter dado na infância. Por que metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade eu não sei. Que não seja preciso mais do que uma simples alegria pra me fazer aquietar o espírito. E que o teu silêncio me fale cada vez mais. Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.Que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba. E que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer. Porque metade de mim é platéia, e a outra metade é canção. E que a minha loucura seja perdoada. Porque metade de mim é amor, e a outra metade também"

E eu não dou a mínima se dirão que é clichê...

Um comentário:

Rodrigo disse...

Acho que isso é do Oswaldo Montenegro, né? Eu me lembro de já ter tido o disco em que ele declamava "Metade", mas devo ter perdido em alguma das muitas mudanças que já fiz...