3 de set. de 2013

A beleza das embaúbas


"Atirei mas não matei
Passarinho de Angola
Lá foi meu tiro perdido
Gavião avoou e foi embora
 
Avoou, avoou
Avoou deixa voar
No galho da embaúba
Gavião Totoriá
 
Se eu soubesse que tu vinhas
Como de certo vieste
Mandava varrer caminho
Com galinho de acipreste
Se eu soubesse que tu vinhas
Eu tinha me preparado
Com a minha casa varrida
E o meu cabelo penteado
 
Avoou, avoou
Avoou deixa voar
No galho da embaúba
Gavião Totoriá"
 
Uma letra de cacuriá invadiu o peito numa tarde de dança e ensinamentos
Letra não dançada, sussurrada em meus lábios e olhares isolados
Gavião e passarinho, hora um hora outro, trazendo encantos e levando graças, deixando sementes amendoadas e semeando cabochás alaranjadas no meu pôr do sol
Avoando enluarados, bonitos, mesmo na minha lua nova
Deixa voar, que o vôo é infinito e único e real, como as águas de um lago ou de uma cachoeira,
o instante de encanto espalhado pelos bancos de uma praça,
ou o som chiado de uma vitrola perdida na terra do nunca