19 de set. de 2011

As uvas e o vento

"Tu perguntas o que uma lagosta tece lá embaixo com seus pés dourados. Respondo que o oceano sabe. E por quem a medusa espera em sua veste transparente?Está esperando pelo tempo, como tu. Quem as algas apertam em teus braços? - perguntas - mais firme que uma hora e um mar certos? Eu sei. Perguntas sobre a presa branca do narval e eu respondo contando como o unicórnio do mar, arpado, morre.Perguntas sobre as plumas do rei-pescador que vibram nas puras primaveras dos mares do sul. Quero te contar que o oceano sabe isto: que a vida, em seus estojos de jóias, é infinita como a areia incontável, pura; e o tempo, entre uvas cor de sangue tornou a pedra lisa encheu a água-viva de luz, desfez o seu nó, soltou seus fios musicais de uma cornicópia feita de infinita madrepérola. Sou só uma rede vazia diante dos olhos humanos na escuridão e de dedos habituados à longitude do tímido globo de uma laranja. Caminho como tu, investigando as estrelas sem fim e em minha rede, durante a noite, acordo nu. A única coisa capturada é um peixe dentro do vento"

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