8 de jun. de 2011

Sobre o viver

Pra não me acostumar, vou lá fora, provar os frutos da macieira.
Pra não me acostumar, vou levando, soprando as velas da caravela.
Pra não me habituar, vou bem longe, contar os ventos dos mares do sul.
Pra não me habituar, vou bem perto, soltar o laço, desarrumar.

Pra não me atrapalhar, vou lutando, vou colorindo, me aventurando em meu balanço de romãs.
Pra não me atrapalhar, vou entendendo, desaprendendo, desafiando a lógica do sobre.
Vou navegando, desconstruindo,
Vou ensaiando a rima do viver.

Pra não me afogar, vou bem de leve, driblando a ira, chovendo a fuga, queimando o belo.
Pra não me afogar, vou de mansinho, capturando o sono, o sopro, o sonho.
Abstraindo, "des" iludindo, apaixonando.
Desesquecendo.

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