Eu sempre tive fichários
Acho que desde a quinta série, abandonei o caderno
O fichário era muito mais moderno e podia ter folhas de diversas cores
Além disso, cabia muito mais escritos... não tinha limite de palavras
Eu sempre me perguntei porque o fichário não chamava folhário, já que dentro dele iam folhas, e não fichas
Eu sempre entendi as fichas como algo padronizado e de folha única... dados fundamentais de alguém ou alguma coisa, para um propósito definido
Ao longo dos anos, fui aumentando o número de folhas dos meus fichários
E quanto mais folhas eles tinham, menos eu olhava pra elas...
Já faz algum tempo, eu briguei feio com o fichário
Não sei ao certo o motivo da briga, só sei que nela quase entraram as canetas e os livros todos
(Canetas eu também passei a usar na quinta série)
Mas aí eu resolvi comprar um caderninho
E nele escrevi sobre tudo e todos e sobre mim
ou sobre tudo e todos em mim, ou ainda o contrário, não sei ao certo
Só sei que andei com ele por muito tempo
Tanto, que passei a pensar estar fazendo dele um fichário
As folhas não poderiam durar tanto, a menos que as anotações fossem padronizadas e fundamentais
Aí fui em busca dos meus folhários, guardados no pó do meu armarinho velho
E entendi que a briga não foi por haver padrões, ou por não haver propósitos
Foi pela economia
Não de folhas, nem de fundamentos
Mas de mim
Estou refazendo as pazes
com ele
e também as minhas
E, por via das dúvidas,
ando escrevendo a lápis...
2 comentários:
Eita coisa bonita.
O retorno recheado de caderninho folhário, apostando todas as fichas na flor do instantâneo do lápis, filho distante da borracha mais distante ainda
nossa... que coisa mais linda!!!
posso publicá-lo no meu fotolog?
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