5 de mai. de 2011

O Cavaleiro Provável

Vai cavaleiro inexistente,
Carrega no teu manto dourado a aurora do amanhã,
Cobre de palavras singelas o sereno tardio do improvável
E de doces fazeres recheia as desventuras de agora.

Inexiste, cavaleiro do infinito
E arma sua couraça azul de lata sobre as flores cultivadas tuas.
Protege, com tua armadura voraz, o jardim do instante.
Cuida da efemeridade das tuas tulipas, mas também da frágil constância daquelas violetas.

Vai cavaleiro da ilusão,
Alimenta a chama do fantástico até a última rosa esmorecer.
Sussurra o outono tardio nas cores do ontem
E recolhe com tua lança certeira as pétalas das árvores que já não verdejam mais.

Aquieta, cavaleiro desconhecido,
Acalma com teus braços impossíveis o entristecer da alvorada.
Acalanta também a ti, a teu olhar invadido do tempo e fugido do outrora.
Desnuda-se de tua concha turquesa a carregar as ostras perdidas pelo caminho.
Desposa tua máscara de metal, antes que ela a teu fazer enrijeça e des-signifique,
Antes que dela não te consiga inexistir.

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