31 de out. de 2009

À noite à[dentro]

Ontem eu tive medo da chuva.
Tentei me abrigar da tempestade tua,
tentei me abrigar em ti.
Busquei tolices em passatempos de menina,
cruzei olhares em passos bambos, castelos de sonhos, sorrisos e lágrimas.
Silenciei-te em mim, e do teu silêncio me acometi.

Abriguei-me na sorte, na sacada e dentro do quarto.
Atirei-me na fuga, no sono, no livro aberto, nas palavras.

Roubei-te a cena, pesquei-te os mares, o sol, a doçura e rebeldia.
Vesti-me em branco, cinza e lilás.
Li-me lá, na estrela tua, em preto e branco e degradê.
Pintei o arco, a flecha, juntei o pó e fiz-me sino,
e ecoei pela viagem peito adentro.

Alimentei-te em mim, em prosa, verso e canção.
Cansei, deitei, e dormi, então.

2 comentários:

betucury disse...

Um poema tem o tamnho do coração e da mente de quem escreve e medita. Sem medida. Quem lembra e deixa correr o verbo. Contém e nada pode conter. Tempera as palavras com os signos da acordada. O acordo. O acórdo, só pra grifar o acento. Meu acento é pra observar-te em versos e na sua prosa. Agradeço e retribuo à penas e nas mãos

betucury disse...

Faz falta seu texto. Fazem falta. Faltar e preencher. Faltar e filtar. Folhear um livro. Livre. Leu algumas coisas. Mesmo que até faltem as palavras, não faltarás jamais...