23 de abr. de 2010

Diverso, demasiado diverso

2010. Ano da Biodiversidade. Estava escrito no caderno de um colega de curso.
A disciplina era sujestiva. Prática de Ensino.
Devido aos acontecimentos um tanto caóticos do meu dia, logo pensei num outro tipo de diversidade: a de comportamentos. Não pude deixar de pensar na prática.
A prática dos nossos dias parece ser a da paciência. E isso me remete a uma escrita minha, já de muito tempo: " que a minha abnegação não seja confundida com a resignação que eu não tenho".
Será?
Passei o dia praticando uma tentativa de paciência, que não sei bem se se encaixa na nação que resigna em mim, ou na minha negação oculta dela mesma.
Me aborreci com a casa cheirando a caldo de lixo e também com o saco de 50 kg que coloquei na rua hoje de manhã. E ao me deparar com a solução simples do meu problema malcheiroso, me deprimi. Livrei-me do meu incômodo olfativo, que outrora era permanente, para me alocar num outro incômodo, confortavemente oculto na minha inanição.
Me aborreci com as burrocracias da minha própria produção cultural, pensando ainda que estas são herdadas de outra, e outra, e outra culturas.O que me remete a uma herança humana, demasiada humana e esperançosamente dinâmica.
Me aborreci com as violências, a minha própria, e as outras tantas, de outros tantos. Me aborreci com o egoísmo, mais uma vez.
Os prazos já se passaram, junto com as mais de três cópias de cada documento que tive de reimprimir. Me aliviei ao colocar as folhas no lixo reciclável, como se assim estivesse gastando apenas metade da água e celulose que as fabicaram. O problema não é o nosso consumo, mas  sim o das indústrias, disse uma colega. Me perguntei por quem e de quem são feitas as indústrias, bem como quem as mantém.
A diversidade anda em alta ultimamente. O bom comportamento, nem tanto.
Não sei se a abnegação é melhor ou pior que a resignação.
Nem sei de fato o que é ser bom.
Em todo caso, vou tentando apostar na paciência.

Um comentário:

betucury disse...

A...a paciência e o solitarismo. Ab negação, ou não, talvez, ser bom, ser anjo, amassar as asas e jogá-las no lixo, prolixo, pro lixo, quem dera. Dera nada, nem o Pessoa, que tudo dera e tão paciente foi, fora. Fora dessa injúria animada que são nossas tribos. As nossas, as deles, as que deveras sentem. Sentemos nós também, nas nossas cadeiras confortáveis dos instantes bonitos. Vc é muito bonita...